Em 2016 Vou... Criar o meu Próprio Negócio



Dizem que em tempos de crise o empreendedorismo cresce. Nos nossos dias ser empreendedor pode ser uma solução, principalmente com tantos jovens instruídos mas sem posição no mundo do trabalho. Há quem salte de estágio em estágio, quem continue a estudar, quem tenha sorte e encontre um emprego mais ou menos realizador... Depois existem pessoas que neutralizam o medo e se arriscam criando o seu próprio negócio.

Muitas vezes me disseram para começar algo meu, sendo designer deveria ser o meu sonho. A questão é: só quero dedicar-me a algo meu se for uma ideia na qual eu acredite a 200%. O risco financeiro e pessoal é tanto que temos de nos empenhar muito e ter a certeza de que aquele é o caminho, mesmo que na primeira curva encontremos várias direcções. Acreditar e ser optimista é uma das chaves para ter sucesso e  não desistir quando damos de caras com desafios (um bocadinho como a história de Joy). Mas quem melhor que jovens empresários para explicarem como é isto de gerir o nosso próprio emprego?


Purple Pineapple - Já falei desta marca e empresa de design várias vezes. A Joana estudou Design de Moda e a Natacha Design Gráfico e de Equipamento. Encontraram-se no Mestrado de Design Visual, no Iade. Ingressaram por esta área para terem uma aprendizagem mais especializada que as preparasse para o mundo do trabalho. Após estágios e trabalhos em lojas decidiram que estava na altura de fazerem algo. A maior motivação foi não se sentirem realizadas nos seus empregos e o projecto que já tinham cresceu e tomou grande parte das suas vidas. Há um ano dedicaram-se exclusivamente à Purple Pineapple, com presença em feiras e muitos trabalhos personalizados.

As maiores dificuldades que encontram tem que ver com a parte financeira pois não tiveram muito capital próprio para investirem. Candidataram-se aos apoios do IEFP e sentiram alguma dificuldade em responder às exigências da candidatura, uma delas criar um plano de negócios económico-financeiro. "Em tudo há processos burocráticos que demoram, mas neste caso, não fosse a nossa persistência pessoal e já teríamos desistido." dizem as designers. Há meses à espera de uma resposta, finalmente obteram o sim e poderão dar um novo salto com o seu negócio! 

Quando lhes pergunto, qual a vantagem de serem o seu próprio patrão a Natacha diz que não há nenhuma mas rapidamente reformulam e destacam o poder criativo. Podem fazer aquilo que querem, sempre respeitando o pedido dos clientes, podem criar os seus próprios horários e férias mas também trabalham muitas horas extras para verem projectos concluídos. É esta parte que se torna mais motivadora, quando vêem clientes satisfeitos, que recomendam os serviços da Pineapple: "As pessoas gostam do que nós fazemos e procuram-nos, é gratificante."

As metas agora estão ainda mais longe, após abrirem o próprio escritório podem definitivamente dizer que "já não são somos miúdas com um hobby" mas sim uma equipa que quer continuara  crescer e a ter maior presença em lojas para depois se seguir um espaço aberto ao público. "Sabemos que podemos ser uma referência a nível de design e ilustração, e vamos continuar a trabalhar para isso".



Celta Ibero - O Ricardo estudou Engenharia Civil e terminou o curso já com o bar (ao género pub irlandês) a funcionar. Durante uma primeira fase distribuía o seu tempo entre finalizar o curso, dar explicações de Matemática e Física e gerir um novo negócio. A falta de motivação pela sua área académica, de momento algo estagnada em Portugal, fê-lo dedicar-se a 100% a um novo projecto. Quando surgiu a oportunidade de ficar com um negócio local, que muita falta fazia à vida nocturna no Entroncamento, fez sociedade, pediram um microcrédito e tiveram ainda ajuda financeira de familiares. Abriram portas a 4 de Julho de 2014 e hoje são quatro pessoas a trabalhar na equipa Celta Ibero. 

Alguns obstáculos são já comuns neste ramo, como conta Ricardo "Infelizmente não existe apenas gente boa e tem sido necessário um certo estofo para lidar com algumas situações e pessoas indesejadas". Por outro lado, vê as relações com fornecedores e bancos e a criação de novas ideias para dinamizar o espaço como desafios que o têm feito gostar ainda mais deste negócio.

A mais valia de ser o seu próprio patrão é a tal liberdade criativa e de logística, pois as tomadas de decisão são feitas por ele sem grandes limitações. Poder gerir o seu tempo é também um factor bastante importante. "Os contras são sobretudo a responsabilidade acrescida e os riscos que um negócio por conta própria acarreta".

Após ano e meio desta experiência empreendedora, o Ricardo tem como objectivo a criação de mais espaços dentro deste ramo e talvez noutras áreas.




Geo Guida - No caso do Filipe não foi bem criar o seu próprio negócio mas sim abraçar o projecto familiar e renová-lo. Em 2000 a sua mãe ficou desempregada e aliando a esta situação o gosto por pedras e minerais do pai, pediram a totalidade do subsídio e abriram uma loja no Fundão. A esta seguiu-se outra na Covilhã que se mostrou bem mais rentável estando aberta seis anos. Em 2009 começam as feiras de artesanato, percorrendo o país.

Em 2011 o Filipe pegou no negócio de família devido à doença do pai. Deparou-se com uma selecção de produtos estagnada e a precisar urgentemente de uma renovação. Dedicou-se a revitalizar e pesquisar artigos, ao contacto com fornecedores e clientes. No ano seguinte viajava para Marrocos em busca de novos fornecedores e melhores preços. Seguiram-se as feiras medievais como novos pontos de venda e o contínuo contacto com fornecedores em Marrocos, Índia e Espanha. São estas viagens, onde conhece muitas pessoas diferentes e que acabam por enriquecê-lo, um dos factores que o faz adorar o negócio.

Alguns dos desafios que encontra são continuar uma relação com o consumidor online e a gradual mudança de imagem da marca e dos produtos. Ser o seu próprio chefe também é desafiante pois implica "superar os limites pessoais, automotivar-me e não deixar que o tempo seja mal empregue, porque quando se quer crescer não se pode parar de avançar"
2016 começou com uma viagem à Índia para chegar à fonte das matérias primas. A longo prazo o desejo é "que a marca seja cada vez mais uma referência no tipo de artigos a que se dedica, em Portugal e avançar com feiras a nível europeu". Entre vários sonhos e desejos está a abertura de uma loja física, talvez no Porto. 

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